domingo, 10 de junho de 2018

MENOSCABO//BAGATELA//VÍTIMAS SE IGUALANDO A CRIMINOSOS//ESTAPAFÚRDIA//BRASIL CANSADO//MANDATOS DE 80 E 12 ANOS SEM REELEIÇÕES//SISTEMA PRISIONAL ESTIMULADO A REVOLTAS E VIOLÊNCIAS POR MÍDIAS E REPORTAGENS JORNALÍSTICAS//


ESTAPAFÚRDIA
Vivemos em um mundo cheio de regras e normas.
As pessoas tem medo, regras e normas são para que se saibamos lidar com nossos próprios limites, quando estamos diante de pessoas que tem uma "extensão existencial e humana maior que a nossa", ou para simplificar, por nossas incapacidades em aceitar o outro como ele quer ser ou é.
Essa verdade contrasta com o vocábulo Democracia.

Não temos liberdades pela SEGURANÇA que é o fato mais óbvio de que "não controlamos nossa própria vida e existência".
Quem pode ser o controlador de nossas vidas, além de Deus, para os que creem, e nós mesmos?
O marginal, bandido, terrorista, os excluídos da sociedade, marginalizados, rotulados, estigmatizados.
Se tenho risco de morrer porque tenho esse comportamento humano e moral em excluir o marginal quando está na cadeia, dificultando sua sobrevivência aqui fora, eu estou lutando pela minha vida e dos meus filhos?
Não. Essa é a resposta correta.
Correto é o raciocínio acima: se quero ficar viva e ter minha família viva e bem, não tenho que excluir, negligenciar, humilhar, perseguir ou levar a linchamento moral o que está atrás da grade, cumprindo sua pena.
Onde está publicada essa verdade??
Na vida.
Quantas tentativas, Projetos, Evangelismos em reeducação espiritual, seguimentos religiosos, ressocialização dos infratores e detentos foram realizadas dentro do presente contexto? Sabemos que os que realizam esse trabalho "foram afastados", pelo medo ou bom senso, graças aos idealizadores das greves, revoltas, e ataques ocorridos dentro dos Presídios, se tornou "função de risco, missão de risco, estar dentro dos Presídios", esse afastamento pode facilitar violação aos Direitos Humanos, favorecer o espírito de revolta dentro das celas, e mandos de cometimentos de crimes aqui fora, na sociedade. Alegar que essas missões, missionários, evangelistas, cristãos que prestam assistências dentro dos Presídios, não faz diferença, é alegação mentirosa. Esse apoio cristão, espiritual e material é muito importante.
Resultados da diminuição ou fim da frequência destes cristãos?
Violência crescente em todo o país.
Resultados? Dentro e fora do Sistema Penitenciário.
Positivos?
Não.
É necessário reformular o pensar da sociedade.
O infrator, detento está dentro da cadeia, organizações trabalham em torno do detento, não somente organizações "do bem", o preso é um "meio, agente", não é possível essa continuidade em relação às mídias e a sociedade impedindo uma nova consciência de ser formada e vítima deste mesmo impedimento.
Meios de comunicação injuriando, aviltando o condenado atrás das grades, linchamento moral, social, midiático, de dentro da celas, o presidiário toma uma fúria que, por vezes, o torna mais poderoso preso do que em liberdade. Estou faltando com a verdade?
Os enxovalhadores acrescem as penas dos presos, prisão perpétua, aumento de anos em cumprimento e até prisão de morte, deixam de ser comunicadores para serem juízes togados e até Deus, quando dizem: "bandido tem que morrer"!
Lançam essa sentença sobre a própria sociedade que vai sofrer resultados de todas as publicações e jornalismo em torno do que está detrás das grades.
Ouve-se :"AH....MAS A SOCIEDADE TÁ SUSTENTANDO BANDIDO..."
Tá....não o fez antes, por conscientização, planejamento, estruturação, tá fazendo depois, agora...."
Gente, hoje, mais que nunca, pensamento da sociedade tem que ser mudado....
Pensem assim, em acordo com estatísticas da realidade nacional....quando bandidos presos e quantos soltos e não identificados temos no Brasil?
Quanto policiais?
A cada ano com nascimento de uma criança em periferias, ao abandono, sofrendo desde a tenra infância a marginalização da sociedade, é mais um rebento que, com grandes possibilidades, vai desencaminhar na vida. E a cada ano, morrem centenas de policiais em todo o Brasil, é possível, sem nenhum dado estatístico verificar essa situação de ALERTA!
É desde a origem o  desencaminhamento dado, às questões de problemas sociais, oferecido pela sociedade.
Aquela estapafúrdia de que o marginalizado, marginal,"é nada, se quisesse poderia ter trabalhado e vivido honestamente", tem que revista porque temos provas de que não é assim.
Quantos homens de muita posse e riquezas estão presos? Nascidos em famílias nobres, outros, conseguiram estudar e subiram na vida, e quanto mais tinham, mais queriam ....
Quando roubaram do Brasil, agravaram as condições destes humildes, marginalizados, ajudando o desenvolver de "creatórios oportunistas de marginais", usaram os estudos, a política, influências e o social para agravar a segurança pública do país.
Não sei o "porquê", mas ultimamente temos lido análises repetitivas e as mesmices que travam raciocínio, extensividade e reflexão sobre a realidade que nos cerca dando ideia  de que "a coisa piorou no nada mudou".
Essa marcação midiática cerceando quem está atrás das grades, respondendo por seus crimes, tem que cessar.
Outras estratégias tem que surgir para recuperação dos condenados, e a somatória dos mesmos como "bons cidadãos" dentro da sociedade.
E, não ironizem, a questão é séria, e os adolescentes que estão se envolvendo em meios criminosos tem que ser urgentemente recuperados e trazidos à sociedade, ou propiciarão uma linhagem geneticamente criminosa pela impossibilidade de um bom meio social no qual seus filhos possam crescer e se desenvolver.
Estamos num século que caráter é tragado pela personalidade,e essa, exercendo fortíssima influência tecnológica lançada ao meio e conduções no pensar, querer, possuir do ser humano, amparado pela violência incontinenti do capitalismo, essa "quase perseguição" midiática ao cidadão condenado, e ao procedimento do Poder Judiciário em Audiência de Custódia tem que cessar, e JÁ.
Procedimento dentro da Audiência de Custódia tem que sofrer alteração, as indagações realizadas ao detido tem que ser realizadas aos Policiais.
Um relatório deve ser enviado ao Comando Geral, Secretaria de Segurança Pública e outro fica no Fórum.
O histórico em momento de ocorrência, formulário preenchido pela PM é uma BUROCRACIA extrema e deve ser revisto de maneira a facilitar, principalmente para as vítimas e policiais que realizarão apreensão do indivíduo, suspeito.
É inconcebível, a urgência deste histórico realizado pela PM no momento do ocorrido, a vítima, às vezes está mal, sentindo dores e respondendo perguntas, vi um caso em que nem falar conseguia a vítima, e os soldados fazendo as perguntas e refazendo, eu contei três vezes, a vítima respondendo as mesmas perguntas, já não conseguia nem falar direito de tanta dor, e em SP.
Policiais tem que prender, conduzir, sem torturar, machucar, agredir, não é função deles, a não ser em caso de desacato à autoridade, resistência e ataque dos meliantes.
Polícia de SP é uma das melhores do Brasil, preparada, rápida, eficiente, e de um controle incrível, mas com razão, reclamam e se prejudicam com mudanças nos procedimentos ocorridos em suas funções.
Se o Brasil quer uma boa polícia, tem que oferecer condições, e não é incitar criminosos dentro das cadeias, tendo em vista que, mortes de militares tem ocorrido sob encomendas, e muitas estão sendo orientadas pelos que estão presos.(?)
Não estou difamando os meios de comunicação em seus comunicadores. Excelentes comunicadores, repórteres sociais existem no Brasil, são verdadeiros ALERTAS, inclusive eu os assisto todos os dias, mas comedimentos são necessários para impedir que por ira, emulação, presos se sintam estimulados a cometimentos, usando encomendas de homicídios, uma maneira de extravasar e se tornarem poderosos. O poder dos que estão atrás das grades tem que ser desejado e alcançado de outras maneiras, resultando uma comunicação positiva de "mudança de mentalidade" do preso, mídias negativas e desafiadoras não contribuem com esse fim, porque humildade e reconhecimento de culpa não se consegue desta forma, muito menos arrependimento do que cometeu crimes.
Alegar que Estado e Igreja tem que cumprir suas funções em separado, desde rompimento, é um grande erro, o Estado precisa mais que nunca da interferência da Igreja e muito trabalho desenvolvido lado a lado com questões nacionais como a da Segurança Pública e Ressocialização dos Presidiários à Sociedade.
Projeto lançados que visem Internamento dos Dependentes Químicos (usuários, mulas, traficantes) em estabelecimentos de recuperação dirigidos por Instituições de Recolhimento reconhecidas, é uma ideia que pode dar certo, mesmo a longo prazo, e desde que, com devida fiscalização com fins de cumprimento de pena agregados.
PEC que institui entrega, recolhimento de menores infratores em  lares militares, constituídos de Quartéis, sob regime educacional militar, creio eu ser ótima ideia.
São divisões de funções  sob diversos ângulos da sociedade, com participações das Igrejas e Comunidades, essa convivência é vital para processos de retomadas e ressocializações com amplitude de visão de mundo e oportunidades, estímulos ao ser humano em projetar sua vida com outras perspectivas.
O que o cidadão brasileiro não deve esquecer é que:
- não existe perfeição;
- Projetos, assim como os realizadores, são falhos.
Diante do "cansaço" nacional, sempre ao lançar Projetos, essas advertências devem ser bem frisadas e as expectativas realistas, para não ocorrência de desistência aos primeiros obstáculos.
O Governo Federal deveria centrar esse Organograma, ramificando para Estados, Municípios, Organizações e Instituições, e quando começarem resultados positivos, compartilhar tais iniciativas com países de segundo e terceiro mundo como o Brasil.
Resultados positivos devem ser compartilhados e não privatizados.
Eu proponho SENADO FEDERAL que atue por 12 anos sem direito a novas candidaturas e um Governo Federal em tempo igual.
Eu proponho que Prefeitos,Vereadores e Deputados cumpram mandatos de 08 anos sem direito a reeleição.
Creio que todos estão verificando Vídeos do G1 "O BRASIL DO FUTURO", mais de 50% dos vídeos relatam obras inacabadas e que poderiam melhorar muitíssimo às vidas das populações denunciantes, assim se começa, evolui e termina com MANDATOS POLÍTICOS CAPAZES.
Naly de Arauo Leite

STAPAFÚRDIA
We live in a world full of rules and norms.
People are afraid and the rules and norms are so that we can handle our own limits when we are faced with people who have a "existential and human extension greater than ours", or to simplify, by our inability to accept the other as he wants to be or is.
This truth contrasts with the word Democracy.
We do not have liberties for SECURITY which is the most obvious fact that "we do not control our own life and existence."
Who can be the controller of our lives, besides God, to those who believe, and ourselves?
The marginal, bandit, terrorist, those excluded from society, marginalized, labeled, stigmatized.
If I have the risk of dying because I have this human and moral behavior in excluding the marginal when in jail, making it difficult to survive here, am I fighting for my life and my children?
No. That is the correct answer.
Correct is the above reasoning: if I want to stay alive and have my family alive and well, I do not have to exclude, neglect, humiliate, persecute or lead to moral lynching what is behind the grid, fulfilling its sentence.
Where is this truth published ??
In life.
How many attempts, projects, evangelism of spiritual reeducation, religious followings, resocialization of offenders and detainees were carried out within the present context? We know that those who carry out this work have been "estranged" by fear or common sense, thanks to the idealizers of strikes, revolts, and attacks within the Prisons, it has become "a risk function, a mission of risk, being inside the Prisons" such removal may facilitate violation of human rights, foster the spirit of revolt within cells, and commit crimes in society here. To claim that these missions, missionaries, evangelists, Christians assisting in the Prisons, makes no difference, is a lying claim. This Christian, spiritual, and material support is very important.
Results of the decrease or end of the frequency of these Christians?
Growing violence across the country.
Results? Inside and outside the Penitentiary System.
Positives?
Do not.
It is necessary to reformulate the thinking of society.
The offender, detainee is in the chain, organizations work around the detainee, not only "good" organizations, the prisoner is a "medium, agent", it is not possible this continuity in relation to the media and society hindering a new consciousness to be formed and a victim of this same impediment.
Means of communication injuring, debasing the condemned man behind the bars, moral, social, media lynching, from inside the cells, the convict takes a fury that sometimes makes him more powerful prisoner than in freedom. Am I missing the truth?
The malefactors add to the prisoners' sentences, life imprisonment, increased years in compliance and even imprisonment of death, stop being communicators to be judges togave and even God, when they say: "bandit has to die!"
Launch this sentence on the very society that will suffer results from all publications and journalism around what is behind the bars.
One hears: "AH ... BUT THE SOCIETY IS SUPPORTING BANDIDO ..."
Tá .... did not do it before, for awareness, planning, structuring, doing later, now .... "
People, today, more than ever, society's thinking has to be changed ....
Think like this, in agreement with statistics of the national reality .... when bandits arrested and how many loose and unidentified we have in Brazil?
How many cops?
Each year, with the birth of a child in the periphery, abandonment, suffering from an early age the marginalization of society, is yet another offspring that, with great possibilities, will lead astray in life. And every year, hundreds of police die all over Brazil, it is possible, without any statistical data to verify this situation of ALERT!
It is from the origin the misleading given, to the questions of social problems, offered by society.
That stupidity that the marginalized, marginal, "is nothing, if he wanted could have worked and lived honestly," has to be revised because we have proof that it is not so.
How many men of great possession and riches are bound? Born into noble families, others managed to study and rose in life, and the more they had, the more they wanted ....
When they stole from Brazil, they worsened the conditions of these humble, marginalized people, helping to develop "opportunistic crematories of fringe," used studies, politics, influences and social to aggravate the country's public security.
I do not know the "why", but lately we have read repetitive analyzes and the samenesses that hold reason, extensivity and reflection on the reality that surrounds us giving idea that "the thing got worse in the nothing changed".
This media marking of those behind the bars, responding for their crimes, has to cease.
Other strategies have to emerge for the recovery of convicts, and the sum of them as "good citizens" within society. And do not be ironic, the issue is serious, and adolescents who are getting involved in criminal means have to be urgently recovered and brought into society, or propitiate a genetically criminal lineage for the impossibility of a good social environment in which their children can grow and develop. We are in a century that character is swallowed by the personality, and this, exerting very strong technological influence thrown in the middle and conducts in the to think, to want, to possess the human being, supported by the incontinent violence of capitalism, this mediatic "near pursuit" of the condemned citizen, and to the procedure of the Judiciary in Hearing of Custody must cease, and NOW. to change, the inquiries made to the detainee must be made to the Police. should be sent to the General Command, Secretary of Public Security and another to the Forum. The history at the moment of occurrence, form filled by the PM is an extreme BUREAUCRACY and should be reviewed in a way to facilitate, mainly for the victims and police officers who will perform suspicion.It is inconceivable, the urgency of this history carried out by the PM at the time of the incident, the victim is sometimes ill, feeling pain and answering questions, I saw a case where even talking did not get the victim, and the soldiers doing the questions answered, and I repeated three times, the victim answering the same questions, I could not even speak of the pain, and in SP. People have to arrest, drive, torture, hurt, attack, except in case of contempt of authority, resistance and attack of the meliantes.Polícia SP is one of the best in Brazil, prepared, fast, efficient, and an incredible control, m If Brazil wants a good police force, it has to offer conditions, and it is not to incite criminals within the jails, given that, military deaths have occurred under orders, and many are being targeted by those who are trapped. (?) I am not slandering the media in their communicators. Excellent communicators, social reporters exist in Brazil, they are true ALERTs, I even watch them every day, but restraints are necessary to prevent from being angered, emulated, prisoners feel stimulated to commit, using orders of homicide, a way to overflow and become powerful. The power of those behind bars has to be desired and achieved in other ways, resulting in positive communication of the prisoner's "change of mind", negative and challenging media do not contribute to this end, because humility and guilty recognition can not be achieved In this way, much less repentance than has committed crimes. To grasp that State and Church have to fulfill their functions separately, since breaking, is a great mistake, the State needs more than ever of the interference of the Church and much work developed side by side with such as Public Safety and Ressionalisation of Inmates to the Society. Project launched aimed at the Internment of Chemical Dependents (users, mules, traffickers) in recovery establishments run by recognized Reclamation Institutions is an idea that can work, even long term, and provided that, with due inspection for purposes of compliance with aggregate penalty stitution of military offenders in military homes, constituted by barracks, under a military educational regime, I believe to be a great idea. They are divisions of functions under different angles of society, with participation of the Churches and Communities, this coexistence is vital for processes of resumption and resocialisation with a wide worldview and opportunities, stimulating the human being to project his life with other perspectives. What the Brazilian citizen should not forget is that: - there is no perfection; In the national "fatigue", always when launching Projects, these warnings must be well-marked and the realistic expectations, for not occurrence of abandonment to the first obstacles. The Federal Government should center this Organization Chart, branching to States, Municipalities , Organizations and Institutions, and when they get positive results, to share such initiatives c Second and third world countries such as Brazil. Positive results should be shared and not privatized.
Positive results should be shared rather than privatized.
I propose FEDERAL SENATE to act for 12 years without the right to new applications and a Federal Government in equal time.
I propose that Mayors, Councilors and Deputies serve eight-year terms without reelection.
I believe that everyone is checking Videos of the G1 "BRAZIL DO FUTURO", more than 50% of the videos report unfinished works that could greatly improve the lives of the denouncing populations, thus starting, evolving and ending with CAPABLE POLITICAL MANDATES.
Naly de Arauo Leite
Vamos pensar diferente alguns casos?
Let's think some cases differently?
Você pode descobrir o que aconteceu com Edvaldo lendo direto o último parágrafo desta reportagem. Mas, para tentar compreender por que pessoas comuns e supostamente bem-intencionadas, como os moradores do Sertão dos Canudos, acabam cometendo crimes ainda mais bárbaros do que aqueles praticados pelos criminosos que desejavam punir, sugerimos que você leia a matéria até o final.
Casos como o do adolescente amarrado nu a um poste por cometer furtos no bairro do Flamengo, no Rio de Janeiro, revelam muito mais do que as partes íntimas do agredido. Mostram também a complexidade da crise de confiança no Estado, a perda da legitimidade das instituições, a deterioração da ordem social e a persistência de uma cultura escravocrata que não foi abolida com uma canetada em 1888.
Nem sempre é preciso chegar ao extremo de amarrar outro ser humano a um poste. Em dezembro, durante uma manifestação pró-impeachment também no Rio de Janeiro, uma criança acusada de furto quase foi espancada. Um dos adultos envolvidos na agressão gritava: “E o guarda quer me levar preso”. Outra mulher concordava: “Isso é inversão de valores”. Recebendo bofetadas por todos os lados e sob o coro de “tem que metralhar” e “filho da puta, vai roubar da tua mãe”, o garoto entrou rapidamente no camburão e sumiu do olhar da orda enfurecida. Mas o problema não desapareceu.
Ao agredir e metralhar ideologicamente supostos criminosos, as vítimas se igualam aos bandidos no crime. “Dizem que todos nós nascemos heróis. Mas, se você deixar, a vida irá fazê-lo passar do limite até que se torne um vilão. O problema é que nem sempre você sabe que passou do limite”, explica a (anti) heroína Jessica Jones, protagonista da série homônima da Netflix, ainda atormentada por um assassinato que acabara de cometer.
Cidadãos que buscam justiça por meios que não sejam os legais obviamente ultrapassam esse limite. Mas há a sensação de que, por ser feito às claras e em grupo, o linchamento não é crime. “[A ideia que se tem é de que] crime é o que se faz escondido, às ocultas, e traiçoeiramente. Por isso, o linchamento é público, à vista e com a cumplicidade, voluntária ou não, de todos. É o que inviabiliza a apuração de responsabilidade e o prosseguimento de inquéritos”, diz Martins, que para escrever seu livro passou mais de 20 anos fazendo um levantamento sobre a história desses atos no Brasil.

Nem as estatísticas policiais contabilizam esse tipo de crime — o que não significa que ele não seja ilegal. Quem explica é o presidente da Comissão de Direitos Humanos da OAB-SP Martim de Almeida Sampaio: “Não é apenas um crime, podem ser vários, como formação de quadrilha ou bando (quando várias pessoas se unem para atos criminosos), lesões corporais, tentativa de homicídio ou homicídio e até sequestro e cárcere privado, dependendo da ação concreta. O ato do linchamento é uma atitude tão criminosa quanto o crime que o incentivou.”
https://revistagalileu.globo.com/Revista/noticia/2016/03/bandido-bom-nao-e-bandido-morto.html
O Encanto está ausente
Segundo José de Souza Martins, cerca de um milhão de brasileiros já participaram de linchamentos ou tentativas de lichamento nos últimos 60 anos. Não surpreende, portanto, que de acordo com uma pesquisa do Fórum Brasileiro de Segurança Pública, 50% da população brasileira concorde com a sentença “bandido bom é bandido morto”. “Considerando a margem de erro, temos um empate. Se está dividido, temos um espaço para mudança, basta encontrar alternativas”, explica o sociólogo Renato Sérgio de Lima, vice--presidente do Fórum. “Temos um país extremamente violento, que até gasta bastante com segurança, mas isso não quer dizer que esse gasto seja revertido em uma boa situação.”

De acordo com o Anuário Brasileiro de Segurança Pública, houve um crescimento nos gastos com segurança no país entre 2013 e 2014. O problema é que não se sabe quanto disso foi utilizado de fato na infraestrutura e no treinamento de profissionais. A julgar pelo exemplo de Minas Gerais, não muito. Os mineiros foram os que mais investiram em segurança pública, com um aumento de 69% em relação ao ano anterior. Mas isso só aconteceu porque o estado incluiu na conta o gasto de R$ 3 bilhões da previdência — o que nenhum outro estado fez. Ou seja, “os estados estão gastando cada vez mais com salários e aposentadorias de policiais (estaduais). Sendo assim, os investimentos nas condições de trabalho das organizações policiais, em termos de capacitação, armamentos, viaturas e equipamentos diversos, possivelmente não estão caminhando no mesmo sentido”, escreveu no anuário Luis Flávio Sapori, secretário municipal de segurança pública em Betim e professor da PUC Minas. Para Renato Sérgio, isso evidencia a insatisfação da população com a forma como o Estado administra os conflitos. “O Estado brasileiro, por meio de sua polícia, não convence a população”, afirma.
Mas não é necessariamente por causa da falta de infraestrutura que alguns infratores continuam soltos mesmo depois de cometer delitos recorrentes. O “princípio da insignificância” ou “bagatela”, por exemplo, prevê a liberdade para crimes que não causem lesão à sociedade, como pequenos furtos. Logo, há casos em que assaltantes são pegos, soltos e voltam a cometer crimes, gerando sensação de insegurança e impunidade — que, na verdade, é constitucional. Muitas vezes, no caso de menores de idade, policiais passam mais tempo na delegacia resolvendo medidas burocráticas do que o próprio infrator. Ou seja, a sensação de impunidade também existe dentro da própria corporação, que, não raro, sente-se estimulada a exercer uma autoridade que não tem e entende como legítima uma manifestação de justiça que de justa não tem nada. Nessa lógica, não surpreende que dois policiais militares recentemente tenham sido presos por matar um adolescente que cometia frequentes furtos no centro do Rio de Janeiro. Os PMs subiram até um morro, na floresta da Tijuca, com o jovem que acabou executado e outro que só sobreviveu para relatar o caso porque fingiu que estava morto. Tem-se aí a receita rápida para o caos e a crise de confiança nas instituições.
É verdade que o mesmo recurso que protege uma senhora que roubou um pão para almoçar também estimula a recorrência de pequenos furtos, mas, segundo Martim Sampaio, da OAB, não se pode culpar a Constituição. “Individualmente, o número de pequenos assaltantes tem aumentado, mas é preciso entender esse fenômeno”, explica. “Todas as medidas que o governo toma são no sentido de criminalizar o jovem. Se ele quer melhores condições de estudo, o governo chama a polícia e resolve com surra e bomba; se não aceita pagar mais pelo transporte público, não pode protestar que é levado a uma ratoeira e massacrado. Não oferecem alternativa. O que precisamos é de uma política pública inclusiva, de educação e renda. São coisas que falamos há mais de cem anos e não fizemos até hoje."

Para a pesquisadora do Núcleo de Estudos de Violência da USP Ariadne Natal, os linchamentos são o produto de uma soma perigosa. “Por um lado, temos essa percepção, compartilhada por parte da população, de que o Estado não é capaz cumprir suas funções e de garantir a lei e a ordem; por outro, predomina um discurso que deslegitima os direitos humanos e os valores civis básicos, como o direito à vida e à dignidade daqueles que são suspeitos de cometer crimes. Essa é uma combinação que estimula as soluções violentas”, afirma ela.
“O pessoal não está mais botando muita fé [nas autoridades], por isso acontecem essas coisas. O Estado está muito ausente”, disse ao portal G1 o porteiro Jailson Alves das Neves, marido de Fabiane Maria de Jesus, morta a pauladas, pedaços de concreto e bicicletadas, em 2014. Ela era acusada de sequestrar crianças, arrancando os olhos e o coração, para realizar rituais de magia negra no Guarujá, litoral de São Paulo — o boato surgiu em uma página de Facebook e ganhou corpo nas ruas. Nenhuma criança havia desaparecido na região. Fabiane era inocente. E esse é apenas um dos motivos pelos quais Martim Sampaio afirma: “A justiça popular é a pior solução para o problema da violência urbana” 
Desejo & Reparação -


 Como Edvaldo dos Santos, que tentou estuprar sua antiga professora no sertão baiano, pessoas prestes a ser linchadas são vistas como animais. Segundo José de Souza Martins, “os linchadores atuam sempre em nome de uma identidade de pertencimento contra o estranho, ainda que provisória e súbita”. Por não fazerem parte do grupo, o estuprador, o assaltante e a bruxa merecem morrer. Assim, na visão do filósofo René Girard, a pessoa linchada seria uma espécie de bode expiatório. Para identificá-lo, bastaria perceber quatro elementos: a existência de uma crise cultural e social; uma conduta capaz de deixar a comunidade unida e homogênea, como um caso de roubo; que esse comportamento seja atribuído a alguém com características diferenciadoras; e a canalização da agressividade do grupo contra esse alguém. Nesse sentido, José de Souza Martins afirma que a hipótese mais provável para os linchamentos seria a punição, “mas sobretudo como forma de mostrar seu desacordo com alternativas de mudança social que violam concepções, valores e normas de conduta tradicionais”. O linchamento não seria, portanto, uma manifestação de desordem, mas um questionamento da desordem.Segundo o deputado Marcelo Freixo (PSOL-RJ), presidente da Comissão de Defesa dos Direitos Humanos e Cidadania da Assembleia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro — que teve ele mesmo um irmão assassinado —, trata-se de um processo profundo, que tem relação estreita com a condição social. “Você tem uma sociedade de mercado aguçada, que vai ganhando corpo. A parte da população que está fora do mercado, esses supérfluos, passam a ser vistos como uma ameaça”, explica o deputado. “E o limite entre o supérfluo e o criminoso é muito tênue. Não precisa cometer um crime para ser uma ameaça. Se você não circula nos shoppings e não é um cidadão consumidor, não tem direitos, vira uma ameaça.” Por isso, seria inocente afirmar que o linchamento decorre apenas do desejo de pena de morte. “Nos linchamentos, está envolvido o julgamento de que quem não consegue refrear o desejo, o ódio e a ambição, e não vê limites para o desejar, o odiar e o ter, não pode conviver com os demais nem tem direito a uma punição restitutiva (Restitutiva' foi a classificação que Durkhein fez ao tipo de lei da sociedade... (restitutiva ou repressiva - justiça restaurativa), que o devolva à sociedade depois de algum tempo de castigo”, diz Martins.Não à toa crimes de roubo ou furto geralmente são tidos como uma afronta pessoal. Delitos que deveriam ser tratados como crime contra a propriedade se tornam uma ofensa à pessoa e a sua forma de sobrevivência. Nessa lógica, enquadra-se um exemplo dado pelo sociólogo da tentativa de linchamento de um rapaz de uma favela do Espírito Santo que encontrou uma maleta com dinheiro de um sequestro e devolveu à polícia. Os membros da comunidade queriam que ele dividisse o valor entre os pobres, já que se tratava de um dinheiro perdido, sem dono, que não faria falta e que não era necessário à sobrevivência de quem o perdera.De acordo com o sociólogo, para os trabalhadores, o dinheiro não é quantitativo, mas qualitativo: existe o dinheiro bom, fruto do suor, e o dinheiro ruim, de ganho fácil. “A honestidade de quem devolveu o montante fora interpretada como falta de solidariedade em relação a seus iguais”, explicou Martins.


It was on a Friday that the teacher Rosângela da Silva, 29, let the death come into the house. Armed with a machete and intense sexual desire, rural worker Edvaldo dos Santos, 19, knocked on his door. Being a former student of the school where he taught, in the Sertão de Canudos, Bahia, Rosângela decided to open. Such visits were normal in a place where educators often play the role of father and mother.
On entering, dismissing the education he had learned, the young man proposed to go to bed with the teacher - not even caring about Rosângela's blind grandmother, who was also on the spot. Having his masculinity wounded with a no, Edvaldo wanted to hurt her back. The grandmother tried to avoid the worst, but she was hurt and witnessed a horrible spectacle: the teacher jumped the window, was caught, stabbed, had her face cut off and died.
The attacker himself went after the police and helped the sergeant "search for the killer." Realizing the incoherence in the story, the officer gave imprisonment to Edvaldo, who ended up confessing the crime. Fearing that the boy was lynched, the sergeant took him to a military police garrison in another municipality, Euclides da Cunha, where he was supposed to be safe.
It was not enough: when they learned of the crime, villagers from nearby villages came by truck to make sure that justice would be done. "For them, the death of the teacher in the attempt to rape had transformed Edvaldo into a stranger, a stranger, a different one, another being," wrote the sociologist José de Souza Martins, of the University of São Paulo, in the book Lynchamentos: Brazil (Editora Context). Edvaldo was no longer human.
https://revistagalileu.globo.com/Revista/noticia/2016/03/bandido-bom-nao-e-bandido-morto.html
You can find out what happened to Edvaldo by reading the last paragraph of this report. But to try to understand why common and supposedly well-intentioned people, such as the residents of the Sertão dos Canudos, end up committing crimes even more barbarous than those practiced by the criminals who wished to punish, we suggest you read the story to the end.
Cases such as that of the teenager tied naked to a pole for committing robberies in the Flamengo neighborhood in Rio de Janeiro reveal much more than the intimate parts of the aggressor. They also show the complexity of the crisis of trust in the state, the loss of legitimacy of institutions, the deterioration of the social order, and the persistence of a slave culture that was not abolished with a pen in 1888.
You do not always have to go so far as to tie another human being to a pole. In December, during a pro-impeachment demonstration in Rio de Janeiro, a child accused of theft was almost beaten. One of the adults involved in the assault shouted, "And the guard wants to get me arrested." Another woman agreed, "This is a reversal of values." Getting slapped on all sides and under the chorus of "have to machine-gun" and "son of a bitch, will steal from your mother," the boy quickly entered the lock and disappeared from the angry eye. But the problem has not disappeared.
By assaulting and machine-gunning ideologically suspected criminals, the victims equate themselves with thugs in crime. "They say we're all born heroes. But if you let it, life will push you past the limit until you become a villain. The problem is that you do not always know you've crossed the line, "explains (anti) heroine Jessica Jones, the protagonist of the homonymous series of Netflix, still plagued by a murder she had just committed.
Citizens who seek justice by means other than legal means obviously go beyond this limit. But there is the feeling that lynching is not a crime because it is done in a clear and group way. "[The idea is that] crime is what is hidden, hidden, and treacherous. Therefore, lynching is public, in sight and with complicity, voluntarily or otherwise, of all. This is what makes it impossible to find accountability and continue investigations, "says Martins, who wrote his book for more than 20 years doing a survey about the history of these acts in Brazil.

Nor do police statistics account for this type of crime - which does not mean that it is not illegal. Who explains is the president of the Human Rights Commission of the OAB-SP Martim de Almeida Sampaio: "It is not only a crime, there can be several such as gang formation or gang (when several people unite for criminal acts), personal injury, attempted homicide or murder and even kidnapping and private jail, depending on the actual action. The act of lynching is an attitude as criminal as the crime that encouraged it. "
The charm is absent.
According to José de Souza Martins, about one million Brazilians have participated in lynching or licking attempts in the last 60 years. It is not surprising, therefore, that according to a survey of the Brazilian Forum of Public Security, 50% of the Brazilian population agrees with the sentence "good bandit is dead bandit". "Considering the margin of error, we have a draw. If it is divided, we have a space for change, just find alternatives, "explains sociologist Renato Sérgio de Lima, vice - president of the Forum. "We have an extremely violent country, which even spends quite safely, but that does not mean that spending is reversed in a good situation."

According to the Brazilian Yearbook of Public Safety, there has been an increase in spending on security in the country between 2013 and 2014. The problem is that it is not known how much was actually used in infrastructure and in the training of professionals. Judging by the example of Minas Gerais, not much. The miners were the ones who invested the most in public safety, an increase of 69% over the previous year. But this only happened because the state included in the account the expense of $ 3 billion of social security - which no other state has done. That is, "states are increasingly spending on police salaries and pensions. Thus, investments in the working conditions of police organizations, in terms of training, armaments, vehicles and various equipment, are possibly not moving in the same direction, "wrote Luis Flávio Sapori, municipal secretary of public security in Betim and professor of PUC Minas. For Renato Sérgio, this shows the population's dissatisfaction with the way the state manages conflicts. "The Brazilian State, through its police, does not convince the population," he says.
But it is not necessarily because of the lack of infrastructure that some offenders remain released even after committing recurring crimes. The "insignificant principle" or "trifle", for example, provides for freedom for crimes that do not cause harm to society, such as petty thefts. Therefore, there are cases where assailants are caught, released and again commit crimes, generating a sense of insecurity and impunity - which, in fact, is constitutional. Often, in the case of minors, police officers spend more time in the police station resolving bureaucratic measures than the offender himself. That is to say, the sense of impunity also exists within the corporation itself, which often feels stimulated to exercise an authority that does not have and understands as legitimate a manifestation of justice that has nothing. In this logic, it is not surprising that two military police officers were recently arrested for killing a teenager who frequently committed theft in the center of Rio de Janeiro. The PMs went up a hill in the forest of Tijuca with the young man who had just been executed and another who survived to report the case because he pretended to be dead. There is a quick recipe for chaos and a crisis of trust in institutions.
It is true that the same resource that protects a lady who stole bread for lunch also stimulates the recurrence of petty thefts, but according to Martim Sampaio of the OAB, one can not blame the Constitution. "Individually, the number of small burglars has increased, but we must understand this phenomenon," he explains. "All the measures that the government takes are to criminalize the young person. If he wants better conditions of study, the government calls the police and resolves with beatings and bombs; if you do not agree to pay more for public transportation, you can not protest that you are taken to a mousetrap and massacred. They offer no alternative. What we need is an inclusive public policy, education and income. These are things we've talked about for over a hundred years and have not done until today. "

For the researcher at the Nucleus of Violence Studies of USP Ariadne Natal, lynchings are the product of a dangerous sum. "On the one hand, we have this perception, shared by the population, that the State is not able to fulfill its functions and to guarantee law and order; on the other hand, a discourse that delegitimizes human rights and basic civilian values, such as the right to life and dignity of those suspected of committing crimes, prevails. This is a combination that encourages violent solutions, "she says.
"People's justice is the worst solution to the problem of urban violence"

"The people are not putting a lot of faith [in the authorities] anymore, that's why these things happen. The state is very absent, "said Jailson Alves das Neves, the husband of Fabiane Maria de Jesus, who was killed by bangs, concrete pieces and bicicletadas in 2014. He was accused of kidnapping children, heart, to perform rituals of black magic in Guarujá, São Paulo coast - the rumor appeared on a Facebook page and gained body in the streets. No children had disappeared in the area. Fabiane was innocent. And this is just one of the reasons why Martim Sampaio says: "People's justice is the worst solution to the problem of urban violence."
Desire & Repair
Like Edvaldo dos Santos, who tried to rape his former teacher in the backlands of Bahia, people about to be lynched are seen as animals. According to José de Souza Martins, "lynchers always act in the name of an identity of belonging to the stranger, however provisional and sudden." Because they are not part of the group, the rapist, the robber and the witch deserve to die. Thus, in the view of the philosopher René Girard, the lynched person would be a kind of scapegoat. To identify it, it would suffice to perceive four elements: the existence of a cultural and social crisis; a conduct capable of leaving the community united and homogenous, as a case of robbery; that this behavior be attributed to someone with differentiating characteristics; and the channeling of the aggressiveness of the group against this someone.

In this sense, José de Souza Martins affirms that the most likely hypothesis for lynchings would be punishment, "but mainly as a way of showing their disagreement with alternatives for social change that violate traditional conceptions, values ​​and norms of conduct." Lynching would not, therefore, be a manifestation of disorder, but a questioning of disorder.
According to MP Marcelo Freixo (PSOL-RJ), president of the Commission for the Defense of Human Rights and Citizenship of the Legislative Assembly of the State of Rio de Janeiro, which had himself a murdered brother, it is a profound process that has relationship with the social condition. "You have a sharp market society that is gaining momentum. The part of the population that is out of the market, these superfluous, come to be seen as a threat, "explains the deputy. "And the boundary between the superfluous and the criminal is very tenuous. You do not have to commit a crime to be a threat. If you do not circulate in shopping malls and are not a consumer citizen, you have no rights, you become a threat. "
Therefore, it would be innocent to say that lynching comes only from the desire for the death penalty. "In lynchings, the judgment is involved that whoever can not refrain desire, hatred and ambition, and sees no limits to desire it, hate it and have it, can not live with others nor is entitled to a restitutive punishment to return it to society after some time of punishment, "says Martins.
No wonder crimes of robbery or theft are usually taken as a personal affront. Crimes that should be treated as a crime against property become an offense to the person and his or her survival. In this logic, it fits an example given by the sociologist of the attempt to lynch a young man from a slum of the Holy Spirit who found a suitcase with money from a kidnapping and returned it to the police. The members of the community wanted him to share the value among the poor, since it was a lost, unowned money that would not be needed and that it was not necessary for the survival of the loser.

According to the sociologist, for the workers, money is not quantitative but qualitative: there is good money, fruit of sweat, and bad money, easy to gain. "The honesty of those who gave back the amount was interpreted as lack of solidarity with their peers," explained Martins."

Por Mariana Valentim
https://canalcienciascriminais.jusbrasil.com.br/artigos/481555884/bandido-bom-e-bandido-morto
O texto de hoje é o primeiro de uma série nesta coluna, que terá como temática os clichês com os quais nos deparamos nos encontros de família, em comentários feitos na internet ou em telejornais sensacionalistas.
Proposições como “direitos humanos para humanos direitos” ou “se quer defender, leva pra casa” são rápidos exemplos de uma lista interminável de absurdos que se alastram cada vez mais pelas discussões cotidianas.
E considerando que tais frases são termômetros do pensamento geral acerca do delito, pensamos que seria interessante refletir sobre elas de modo crítico e tendo a dogmática penal como plano de fundo.
A “popularidade” das discussões sobre o fenômeno do crime se deve ao fato de que a criminalidade afeta a todos, e não somente aqueles que estudam o direito penal. E como todos são vítimas em potencial, todos se sentem aptos a opinar.
Dificilmente um leigo dará sua opinião a respeito do funcionamento do motor de um avião, por exemplo, mas é extremamente comum a figura do “cidadão de bem” que nunca abriu o Código Penal ou mesmo a Constituição, mas se auto-intitula uma grande autoridade, com vastos conhecimentos sobre como dar conta da criminalidade.
E a diversidade de opiniões não é necessariamente algo negativo: o delito é um fato social, então é normal que a sociedade tenha seus posicionamentos.
O problema aparece quando estas ideias eminentemente passionais – como o medo da insegurança ou a indignação com a violência – pretendem tomar o lugar dos pareceres técnicos, fornecidos por aqueles que estudam o direito penal e a criminologia de modo científico, e não baseados apenas em opiniões.
Um dos chavões possivelmente mais clássicos é o de que bandido bom é bandido morto.
Matou alguém? Pois bem, será morto. O sistema carcerário está inchado e sem espaço para mais presos? Sem problemas, podemos jogar uma bomba e matar todos, não farão falta a ninguém.
O Estado está sem recursos para investir em segurança? Claro, usam os impostos pra sustentar bandido na cadeia, se matassem logo não precisaríamos gastar em vão.
E os comentários nesse mesmo sentido continuam indefinidamente, de modo raso e cruel, dando respostas simples pra um problema que, muito pelo contrário, é absolutamente complexo.
Do ponto de vista criminológico, a pena de morte se configura como a expressão máxima da noção de pena como retribuição. O retributivismo é a primeira grande resposta dada no sentido de justificar a pena, e tem uma ideia fundamental muito simples: retribuir o mal pelo mal; no momento de aplicação da pena, devolve-se o mal praticado, alcançando justiça.
Contudo, a experiência histórica demonstrou que a pena como retribuição não passa de um ato de fé – já que a única ferramenta do julgador é sua “crença” de estar realizando justiça – dotado de grande conteúdo vingativo, que tem a intenção máxima de levar sofrimento ao apenado.
E essa ideia de pura vingança, sem um conteúdo necessariamente racional, não é um valor a ser conservado num Estado que se diga democrático, razão pela qual a criminologia pensou em fornecer respostas mais sofisticadas, como a pena enquanto prevenção – seja ela geral ou especial, positiva ou negativa.
Entretanto, mesmo que o modelo retributivista não seja o mais defendido doutrinariamente, ele permanece no imaginário popular, bastante enraizado no senso comum de persecução da justiça.
Mas o que separa, objetivamente, o assassino frio do algoz a serviço do Estado? Qual a diferença entre “fazer justiça” e buscar vingança de maneira indiscriminada?
Dissecando a pena de morte em vieses diversos, o que se percebe é que não é possível sustentá-la de nenhum modo. Em linhas gerais, pode-se dizer que o discurso dos defensores dessa modalidade de pena gravita em torno de três pontos centrais: o merecimento, a prevenção e a economia.

Inicialmente, analisando o merecimento, já se esbarra em um critério bastante problemático em razão de sua subjetividade. Seria possível estabelecer um assoalho comum, uma lista de condutas que todos concordem que sejam puníveis com a morte? Quem seria o responsável por tomar tal decisão?
Isto porque como o resultado do processo (que é a morte) é irreversível, o procedimento criminal acaba sendo diferenciado, com mais possibilidades de recurso. Ilustrativamente, um preso pode ficar cerca de 20 anos no corredor da morte, o que representa um custo 70% maior do que o do preso recolhido à carceragem usual.
A Anistia Internacional, movimento que atua na proteção dos direitos humanos, define a pena capital como um “assassinato a sangue frio cometido pelo Estado”, definição bastante interessante por trazer à tona o paradoxo dessa modalidade de punição: ao tratar a execução da pena como “assassinato”, temos, em última análise, o cometimento de um crime para remediar outro, que lhe foi anterior.
O ordenamento brasileiro, no inciso XLVII do art. 5º da Constituição, estabelece a proibição da pena de morte, salvo em caso de guerra declarada. Ou seja, não temos uma vedação absoluta, e sim condicionada.
Contudo, com uma visão um tanto menos ingênua, precisamos admitir a existência da pena de morte para além dos autos. Essa realidade infeliz se manifesta em casos como linchamentos públicos, por exemplo, que se apresentam como o ápice da barbárie em uma sociedade: quando as pessoas começam a fazer justiça com as próprias mãos, e se torna difícil enxergar “quem nos protegerá da bondade dos bons”.
Portanto, afirmar que os delitos merecem ser punidos é uma obviedade. A transgressão de normas, em especial as penais, que protegem os bens jurídicos mais caros ao convívio social harmonioso, não deve em nenhuma medida ser encorajada. Contudo, a frustração social decorrente do cometimento dos crimes não pode permitir que um erro justifique o outro.
O que separa um “homicídio” de uma “execução” é o mesmo que separa uma “revolução” de um “golpe”: nada além da interpretação dada a tais fatos, que depende do gosto e das mais diversas ideologias do freguês.

Não, bandido bom não é bandido morto. O problema da criminalidade é complexo, e precisa de respostas de igual sofisticação. E essa resposta, apesar de difícil delimitação, certamente não é a pena de morte. Rememorando a valiosa lição de Gandhi: olho por olho, e um dia terminaremos todos cegos.Fonte: Canal Ciências Criminais

By Mariana Valentim

Today's text is the first in a series in this column, which will focus on the clichés we encounter in family gatherings, on Internet comments or on sensationalist TV news.
Propositions like "human rights for human rights" or "if you want to defend, take it home" are quick examples of an endless list of absurdities that are increasingly being spread by everyday discussions.
And considering that such phrases are thermometers of general thinking about crime, we think it would be interesting to think critically about them and to have criminal dogma as the background.
The "popularity" of discussions about the phenomenon of crime is due to the fact that crime affects everyone, not just those who study criminal law. And because everyone is a potential victim, everyone feels able to give their opinion.
Hardly a layman will give his opinion about the operation of the engine of an airplane, for example, but it is extremely common the figure of the "citizen of good" who never opened the Penal Code or even the Constitution, but it calls itself a great authority , with extensive knowledge on how to deal with crime.
And the diversity of opinions is not necessarily something negative: crime is a social fact, so it is normal for society to have its positions.
The problem arises when these eminently passionate ideas - such as fear of insecurity or outrage at violence - are intended to take the place of technical advice provided by those who study criminal law and criminology in a scientific way rather than just opinions .
One of the possibly more classic buzzwords is that good bandit is dead bandit.
Did you kill anyone? Well, he will be killed. Is the prison system swollen and with no room for more prisoners? No problem, we can throw a bomb and kill everyone, you will not miss anyone.
Is the state without the resources to invest in security? Of course, they use taxes to support a thug in the jail, if they killed, we would not have to spend in vain.
And comments in that sense go on indefinitely, shallow and cruel, giving simple answers to a problem that, on the contrary, is absolutely complex.
From the criminological point of view, the death penalty is the maximum expression of the notion of punishment as retribution. Retributivism is the first great answer given to justify punishment, and has a very simple fundamental idea: to repay evil for evil; at the moment of the application of the penalty, the wrong done is returned, achieving justice.
However, historical experience has shown that punishment as retribution is only an act of faith - since the only tool of the judge is his "belief" that he is performing justice - endowed with great vindictive content, which has the maximum intention of bringing suffering to the distressed.
And this idea of ​​pure revenge, without a necessarily rational content, is not a value to be retained in a state that claims to be democratic, which is why criminology has thought of providing more sophisticated responses, such as punishment as prevention - be it general or special , positive or negative.
However, even though the retributivist model is not the most defended doctrinally, it remains in the popular imaginary, deeply rooted in the common sense of pursuit of justice.
But what separates, objectively, the cold murderer of the executioner in the service of the state? What is the difference between "doing justice" and seeking revenge indiscriminately?
Dissecting the death penalty in various biases, what is perceived is that it can not be sustained in any way. In general terms, it can be said that the discourse of defenders of this form of penitence revolves around three central points: merit, prevention and the economy.

Initially, analyzing the merit, one already comes across a very problematic criterion because of its subjectivity. Is it possible to establish a common floor, a list of conduits that everyone agrees are punishable by death? Who would be responsible for making such a decision?


In our current model, the legislator. But by reviewing past experiences, such as the entire Nazi regime, for example, one can quickly realize that the law is not always the most reliable rule for establishing what is just or unjust. And in that sense, to attribute to the state such absolute power as to reap the lives of its own citizens, claiming that they "deserve" such a providence, is quite out of the question.
Moreover, law is an expression of your time. Adultery, for example, has already been considered a crime, and in current legislation does not receive this same treatment. What would the state do if it had executed dozens of people for conduct that, years later, is no longer understood as a crime? It would be a historical inheritance, to say the least, rather difficult to accept.
Different luck does not help the argument of prevention, which states that, since capital punishment is an extremely serious measure, it would have the power to intimidate any delinquents, who fearing the penalty would not commit crimes.
But the simple use of common sense makes such a justification fall to the ground: if criminals were so sensitive to the threats imposed by law, it would suffice for our Penal Code to commit the capital punishment for all crimes planned there, and there would be no more in crimes.
And if logic is not able to convince the most skeptical, we also have statistical arguments: a number of countries that adopt the death penalty around the globe - whether by decapitation, electrocution, hanging, lethal injection, firing or stoning, creativity in execution of the convicted persons is quite varied - when surveying their crime rates, they found an inexpressive decrease in crime levels, reaffirming the inefficacy of the idea of ​​threatening possible offenders by means of a serious penalty.

And, finally, thinking about the economic justification, the same also holds little. Several studies indicate that it is less costly to keep a prisoner in custody than to execute him.
This is because as the result of the process (which is death) is irreversible, the criminal procedure ends up being differentiated, with more possibilities of appeal. Illustratively, a prisoner can stay for about 20 years on the death row, which is 70% more expensive than that of the inmate taken to the usual jail.
Amnesty International, a movement that works to protect human rights, defines capital punishment as a "cold-blooded murder committed by the State", a very interesting definition for bringing out the paradox of this mode of punishment: in treating the execution of the sentence as "Murder", we have, ultimately, the commission of a crime to remedy another, which preceded it.
The Brazilian order, in item XLVII of art. 5 of the Constitution, establishes the prohibition of the death penalty, except in case of declared war. That is, we do not have an absolute seal, but conditioned.
However, with a somewhat less naive view, we need to admit the existence of the death penalty beyond the records. This unhappy reality manifests itself in cases like public lynchings, for example, which present themselves as the apex of barbarism in a society: when people begin to do justice with their own hands, and it becomes difficult to see "who will protect us from the goodness of the Good".
Therefore, to say that crimes deserve to be punished is a truism. The transgression of norms, especially penal ones, which protect the most expensive juridical goods from harmonious social living, should not be encouraged in any way. However, the social frustration resulting from the commission of the crimes can not allow one error to justify the other.
What separates a "murder" from an "execution" is the same as separating a "revolution" from a "coup": nothing more than the interpretation given to such facts, which depends on the taste and the most diverse ideologies of the customer.

No, good thug is not dead bandit. The problem of crime is complex, and needs answers of equal sophistication. And this response, despite difficult delimitation, is certainly not the death penalty. Recalling Gandhi's valuable lesson: an eye for an eye, and one day we will all be blind. Source:Channel Criminal Sciences"https://canalcienciascriminais.jusbrasil.com.br/artigos/481555884/bandido-bom-e-bandido-morto

ESTADO X BANDIDO - STATE X BANDIT
A PROMESSA DA LIBERDADE - THE PROMISE OF FREEDOM

 
ESTADO X BANDIDO - STATE X BANDIT
ROBIN HOOD - The WANTED TO BECOME CHURCH PATRON

 

IRMÃOS DE SANGUE - BRANCOS E INDÍGENAS
BLOOD BROTHERS - WHITE AND INDIGENOUS


SUGESTION - SUGESTÃO

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